30.

7.11.16


Se me dissessem que aos 30 anos já teria vivido em 4 países diferentes, falaria varias línguas, faria esporte (quase) todos os dias, preferia a montanha à praia e a natureza à cidade, não teria acreditado.
Se me dissessem que aos 30 não teria um bom salário nem estaria casada com filhos, ficaria chocada.
Aquela menina de aparelho nos dentes e cabelo encaracolado não aceitaria uma mulher de 30 anos com tenis no pé, mochila nas costas e demasiado dinheiro investido em viagens.
Com trinta já visitei 44 países (sim, eu contei), trabalhei em 6 empresas diferentes, passei um mês vivendo numa bicicleta com uma tenda de campismo, outros dois sozinha com a minha mochila conhecendo a Ásia. Estive uma semana em silencio meditando nas montanhas tailandesas. Fiz um documentário e o cinema encheu no dia da estreia. Dei entrevistas e fiz muitas outras mais. Porque se me dissessem que aos 30 anos me pagariam para (que eu tentasse) mudar o mundo, teria dado gargalhadas de incredulidade.
Aos 30 anos faço o meu propio pão, o meu creme hidratante e o meu sabonete. Gosto de cozinhar. Continuo sendo viciada em balas, gomas e gominalas. Uso a internet dos vizinhos, tenho uma empregada duas vezes por mês e nunca passo a roupa a ferro. Agora, aos 30, tenho menos amigos que quando tinha 20. Menos roupa também. Com 30 ainda uso o mesmo cobertor que me compraram quando tinha 5 anos. E tem nome: é a Minnie.
Sou mais flexível, mais tolerante, menos religiosa e (bastante) mais calma. Não tenho cão nem gato. Por não ter, não tenho nem carro. Gosto de andar de bicicleta, de nadar e de correr. Ainda tenho aquelas mesmas dores no joelho, mas já aprendi a conviver com elas. As minhas orelhas ainda são (bastante) grandes mas acho que elas combinam bem com o meu cabelo meio-liso-meio-encaracolado. Ainda guardo cada ano na carteira a nota de 5 reais que a Nonna me dá no Ano Novo. Ainda tenho a Nonna e a Vovó. Ainda bem.
Com trinta tenho um companheiro de vida. Dizem que somos parecidos. Eu acho que ele é muito melhor que eu e que eu sou uma sortuda.
Talvez há anos atrás pensasse que com 30 faria uma festa de arromba. Com amigos, música e gin tonic até de madrugada. Mas não. Preparei a nova década nas montanhas do Perú e para o meu almoço de aniversario fiz lasanha e salpicão. Éramos 20 e a festa foi na casa da Nonna.
Família. Não podia ter começado em melhor companhia os meus 30.



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