De segunda a quinta-feira passo fora do trabalho 10 horas por dia (8 delas a dormir). A conta é fácil. De segunda a quinta-feira passo duas horas por dia em casa acordada. Duas. Horas. Nessas duas horas diárias tomo o pequeno-almoço, faço exercício, leio as noticias, tomo banho e, às vezes, dá tempo para ter dois dedos de conversa.
De segunda a quinta a minha casa é o trabalho. Mas eu recuso-me. Nunca chamarei a empresa de "casa". Não tenho decoração na minha mesa, nem um armário tipo despensa. Atuo como se cada dia fosse só esse dia. "Oh não, hoje vou trabalhar 13 horas". Penso, em casa jornada, como se fosse uma coisa excecional.
É a minha forma de lidar com O problema. Assim, com O maiúsculo. O senhor do do autocarro perguntou-me outro dia quantas horas costumava dormir. Pergunta indiscreta, pensei, e ele completou a frase: "É que ontem vi-te na televisão e já passava da meia-noite. E agora (11 da manha) já estas a ir para o trabalho... ¿Quantas horas dormes?". Respondi-lhe que preferia não contar horas mas (sempre tento jogar essa carta) que à sexta-feira não trabalhava: "Ah, menina, mas acho que isso não compensa", respondeu.
E eu calei-me.
De segunda a quinta a minha casa é o trabalho. Mas eu recuso-me. Nunca chamarei a empresa de "casa". Não tenho decoração na minha mesa, nem um armário tipo despensa. Atuo como se cada dia fosse só esse dia. "Oh não, hoje vou trabalhar 13 horas". Penso, em casa jornada, como se fosse uma coisa excecional.
É a minha forma de lidar com O problema. Assim, com O maiúsculo. O senhor do do autocarro perguntou-me outro dia quantas horas costumava dormir. Pergunta indiscreta, pensei, e ele completou a frase: "É que ontem vi-te na televisão e já passava da meia-noite. E agora (11 da manha) já estas a ir para o trabalho... ¿Quantas horas dormes?". Respondi-lhe que preferia não contar horas mas (sempre tento jogar essa carta) que à sexta-feira não trabalhava: "Ah, menina, mas acho que isso não compensa", respondeu.
E eu calei-me.