O mar comeu-o

29.1.12

Ele era um erasmus de despedida que daqui a duas semanas voltava para casa. Era um erasmus como todos nós: com uma cerveja na mão e uma pergunta na boca: "Quando é a próxima festa?"
Não sei se estudava, se era inteligente ou até boa pessoa. Não sei. Mas na quinta feira, depois de uma festa, o mar da Coruña comeu-o. Três policias viram-no, atiraram-se para a água para salva-lo e nunca mais voltaram. Nenhum dos 4.
Um drama na cidade e em toda a Espanha. Um drama que ultrapassou as fronteiras. Ouço os helicópteros a passar por cima da minha casa, o paredão está interditado e o mar, bravo, é visto com medo e receio.
Eu tenho pena. Pelo rapaz. Pelos pais do rapaz, já em terras espanholas. E que além de ter perdido o filho, vão ter de pagar todo o operativo de busca dos cadáveres (que custará uns 100.000 euros). Tenho pena dos policias (agora heróis) e das suas famílias que as vejo chorar todos os dias quase à porta de minha casa.
Mas tenho principalmente muita pena dos danos colaterais. Na rua o comentário é "Ai, esta juventude está perdida", esses "jovens irresponsáveis", "o erasmus é um antro de bebedeira".
Uma vida a lutar contra esse preconceito.
E agora, isto.

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