Eu, hater, me confesso

Porque me irritam as pseudo vidas perfeitas, as fotos românticas, o "feeling blessed", as juras de amor eterno. Sabes lá tu... Sou odiadora profissional de frases feitas, de lugares comuns e de pensamentos pouco profundos. Desculpem lá a chatice. Irritam-me as pessoas que gostam "de tudo", são "muito flexíveis", estão bem "em qualquer lado", não têm preferência.
Eu sim.
- Toda a gente diz que é bom
Mas eu, felizmente, não concordo.
Para isso li tantos quilos de páginas impressas, escutei e tentei aprender dos mais iluminados. Para isso viajei, paguei cursos, estudei línguas, juntei-me só com aqueles que valiam a pena.
O meu sentido crítico foi difícil de construir. E, perdoem-me a ofensa, tenho orgulho nele.
E como critico sou amargada, só vejo o lado mau, nunca estou satisfeita.
Não insulto, não grito, não me descabelo. Nem sempre entro na discussão, nem sempre me irrito. Muitas vezes deixo o meu lado zen falar mais alto. Relevo. Ignoro. Sou condescendente. Os haters têm mania da superioridade, são narcisistas, irritantes, insuportáveis. Os "lovers" não têm critério.
Se o mundo actual se divide então entre os haters e os lovers. Eu, hater, me confesso.
Desculpem lá qualquer coisinha.


Só que não

Tantas vezes quis uma vida mais simples e acabei complicando. 
Complexo é investir na bolsa e desprezar os mercados. É usar cosmética natural e comer batatas fritas. É fazer yoga e voltar para casa a correr.
Quero ter uma vida saudável mas os "healthy healhty"me irritam. Quero meditar e vivo com pressa. Quero viver no campo e ter uma horta. Só que não.
Sou uma jornalista desencantada, uma desportista preguiçosa, uma artista sem jeito, uma aluna pouco constante, uma fotógrafa superficial, uma cozinheira sem tempo, uma madrinha apressada, uma amiga desleixada, uma cinéfila critica, uma leitora sem paciência, uma viajante profissional.
Contradições. Tantas vezes quis desfazê-las, ser mais perfeita, mais arrumadinha. Mas sempre acabei virada do avesso



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